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sábado, 18 de abril de 2020

Pesca de traíra no frio


Pesca de traíra com isca soft


Sempre ouço a pergunta: "Será que dá para pescar traíra no inverno?"
 A resposta é simples. "da sim'. A chegada do frio influencia no comportamento da traíra que, mesmo em situações “mais favoráveis” ela ainda é manhosa, mas com a técnica certa é possível e bem produtiva sua pesca no inverno.
O verão é o período mais propicio para essa modalidade de pesca. Os melhores horários preferidos para pesca da traíra são no início da manhã ou no final da tarde.  Nesse período elas atacam com violência as iscas de superfície e algumas vezes sua corrida a traz da isca chega a assustar o pescador. Durante o dia nos momentos de sol forte ela prefere ficar se aquecendo e evita atacar as iscas, mesmo que passe na frente delas. Apesar de não caçar em grupos, elas convivem bem entre si.


Durante todo o ano, a pesca da traíra faz a alegria de muitos pescadores esportivos pelo Brasil. desde os que usam uma simples vara de bambu com iscas naturais aos que praticam pesca esportiva com iscas artificiais. Mas no inverno seu comportamento muda um pouco.

Em dias frios a predadora se mantem em locais mais profundos e, em alguns momentos do dia, migra para caçar em regiões mais rasas. Nessas condições geralmente a traíra fica mais preguiçosa, e não corre a traz da isca, por mais atraente que seja o trabalho do pescador.


Nesta situação, temos outras alternativa, desde os spinerbaits, rubberjigs e iscas soft. Vamos falar destas três iscas que são muito usadas também na pesca do black bass.

Spinerbait:
Eu considero o Spinnerbait uma isca coringa para pesca de traíras no inverno, por ser uma isca barulhenta, desperta o instinto predador do peixe. Por ter o anzol voltado para cima podemos usa-la em estruturas, galhadas e vegetação que dificilmente vai enroscar. Acredito que seja a isca mais simples de trabalhar, pois basta arremessar, deixar afundar até a altura desejada, e vir recolhendo lentamente alternando com breves paradinhas. Quando a traíra está manhosa essa paradinha pode fazer a diferença no resultado da pescaria. Outra maneira é trabalhar a isca com toques de ponta de vara.  O spinerbait pode ser trabalhado desde a sub superfície, meia agua e no fundo, dependendo do peso da isca e a velocidade do recolhimento. No inverno eu prefiro as iscas menores, com cor escura com laminas grandes, mas esse é um critério pessoal, muitas vezes precisamos mudar a cor e tamanho até descobrir como está o gosto da predadora no dia. Segue a conhecida regra, para dias claros, águas limpas, cores claras, para águas escuras e dias nublados, cores escuras.
Utilizo basicamente 2 tipos de lâminas. O primeiro tem formato arredondado que dá mais vibração a isca, mas reflete menos a luz, é indicada para águas mais turvas. E a formato de folha, apresenta menos vibração na agua mas em dias claros faz mais reflexo, tornando uma excelente isca para essa situação.  Pode-se usar também a combinação de lamina redonda no meio e outra no formato folha na ponta. Que é indicada para aguas limpas em dias nublados.

 Rubber jig:
Essa é uma isca muito versátil, quando associados com um trabalho lento o seus movimentos de abrir e fechar as cerdas, parecem bastante vivos e naturais, atraindo as dentuças mesmo nos dias mais frios.
O rubber pode ser usados desde os lugares mais fundos quanto nos mais rasos, e principalmente próximo as estruturas e vegetação. Nos dias frios essa vegetação retém o calor do sol, mantendo a agua mais aquecida, portanto lugar preferido do peixe. O ataque da traíra no rubber é muito sutil, pois ela ataca para matar a isca e logo em seguida a solta, muito parecido com o ataque do black bass, dando pouco tempo para a reação do pescador. Por isso é importante ficar atento, na dúvida fisgue.
A utilização do trailer é fundamental nessa modalidade, pois ele causa um efeito mais natural a isca, mas mantenha sempre um bom estoque, pois a traíra costuma destruí-los.

Soft Baits:
Hoje existe uma infinidade de iscas softs disponíveis no mercado, como minhocas, criaturas, shads, grubs, flukes, jerkbaits e outras variáveis destas iscas. Eu considero as iscas soft um verdadeiro coringa na pesca da traíra, pois pode ser usada em todas as estações, mas principalmente no inverno, devido ao sua ação ser mais lenta e realística.
Dependendo do comportamento da traíra podemos montar os RIG’S de várias maneiras, vou listar as principais a seguir:

1)        Texas rig: nesse sistema de montagem é utilizado o chumbo (no sistema clássico é utilizado o chumbo ogiva) solto na linha, e anzol offset.
2)        Weightless / wacky: nesse esquema não utiliza-se chumbo apenas o peso da própria minhoca para arremessar.
3)        Carolina rig:  é uma montagem muito popular para os pescadores de black bass, mas também é muito eficiente para a traíra.  Nessa montagem utilizo um chumbo com stoper no meio do leader com um anzol offset na ponta, esse rig dificulta um pouco o arremesso, mas torna a isca mais atraente para a predadora. Pois a isca nada mais leve e natural. Nesta situação a fisgada deve ocorrer instantaneamente ao sentir o tranco.
4)        Down shot: Para a montagem de Down Shot, o chumbo vai embaixo no final do leader e a isca um pouco acima. Nessa montagem recomendo um chumbo gota com girador. O anzol é amarrado direto na linha, dessa maneira pode-se trabalhar a isca praticamente parada no mesmo lugar, apenas movimentando a sobra de linha para dar movimento a isca.

Varas:
O caniço para essa modalidade de pesca é o mesmo para as 3 iscas que mencionei, pois a traíra precisa de uma ferrada forte devido a sua placa óssea na boca. Por isso recomendo uma vara longa, no mínimo 6”, eu prefiro usar 6,6” de ação rápida pois tem melhor alavanca para o lançamento e a fisgada.   Com 17 a 20 libras, pois tem muitas situações que precisamos tirar as dentuças do meio da vegetação, e varas fracas não vão dar conta. Procure o equilíbrio da vara, para não ser muito mole para o momento da fisgada e não ser muito dura para arremessar a isca.

Linha:
Outro item fundamental é a linha de pesca. Nada de linha fina no meio da vegetação. A traíra é bruta, e no meio do mato dá muito trabalho. Costumo utilizar linhas de multifilamento 20 a 25 libras com leader de fluorcarbono, essa combinação transfere pouca elasticidade e muita sensibilidade.
Outra dica importante: use sempre o alicate de contenção e alicate de bico, pois é muito comum a traíra se debater e devolver a garatéia ou anzol na mão do pescador, além é claro de evitar uma mordida da dentuça que pode deixar lembranças muito dolorosas.
No frio as traíras são lentas por natureza, então cuide com a velocidade da isca, procure usar um recolhimento sutil e lento e pode exagerar nas paradinhas.
Lembre-se: pescar é a arte de contemplar e entender a natureza, é um momento que entramos em contato com nosso criador. Então curtam cada dia de pescaria.
E isso ai, espero que aproveitem as dicas e boa pescaria.


Um comentário:

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